Exposição: «A Professora»

Exposição: «A Professora»
 
No passado dia 23 de outubro teve lugar a inauguração da exposição que celebra a Professora Raquel Soeiro de Brito, no seu quase centenário de vida. A mostra na «Casa de Vidro» reúne fotografias  dos diversos lugares em que a «A Professora» trabalhou, investigou e contribuiu para a investigação científica. O auditório do bloco B encheu-se para agradecer o empenho e a defesa da Geografia enquanto ciência, recordando que a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas recebeu o primeiro curso de Geografia e Planeamento Regional do país ainda nos anos 80. Foi um momento marcante que reuniu a direção da FCSH, o Departamento de Geografia e Planeamento Regional, bem como alumni a trabalhar em vários quadrantes e que vieram com o propósito de assistir à inauguração. A iniciativa do DGPR teve como parceiro o Centro de Estudos Geográficos - IGOT,  da Universidade de Lisboa. 
 
O texto de abertura, da autoria do geógrafo Fernando Martins (Professora na FCSH) resume a exposição e a importância da Professora Raquel Soeiro de Brito no panorama da Geografia nacional e internacional. 
 
 
A Professora
Raquel Soeiro de Brito

O Departamento de Geografia e Planeamento Regional da NOVA FCSH homenageia uma das figuras cimeiras da Geografia portuguesa do pós-primeira metade do século XX, a referência ímpar da designada “Geografia da Nova”. Maria Raquel Viegas Soeiro de Brito, Professora catedrática jubilada, “Geógrafa do mundo”, prestes a comemorar o seu centésimo aniversário, foi cofundadora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (1977) e, por diversos períodos, Subdiretora. Aqui criou os Departamentos de Antropologia e de Geografia e Planeamento Regional e, neste último, a licenciatura (com igual designação) e o mestrado de Gestão do Território, bem como dois Centros de investigação: o Instituto de Dinâmica do Espaço e o Centro de Estudos de Geografia e Planeamento Regional.
Na NOVA FCSH, onde lecionou quase duas décadas, foi pioneira ao romper com a visão tradicional da Geografia “tout court” que se ensinava nas universidades portuguesas, trazendo os “ventos de mudança” que há muito sopravam em Instituições de ensino superior no Norte da Europa. Instituindo um curriculum de Geografia inovador e interdisciplinar (com Informática, Sistemas de Informação Geográfica e Cartografia Temática e Teledeteção) e ligando a Geografia ao Planeamento e ao Desenvolvimento Regional, pois nos finais da década de 1970 esta “feição utilitária” já se afirmara em muitos outros países. Tudo isto, numa escola onde a prática de proximidade entre professores e alunos foi, na altura, “absolutamente única”.
A Sua vasta obra científica, assente em aprofundado trabalho de campo, — considerada por Vasco Graça Moura uma autêntica “poética da viagem” — foi desenvolvida principalmente em Portugal (Continente e Ilhas) e em “todo o território que foi português no mundo”. Daí resultou mais de centena e meia de livros e artigos publicados, inúmeras conferências, vários milhares de fotografias, além de diversos filmes de grande importância histórica referentes ao período que medeia entre 1956 e a atualidade.
Prosseguiu uma carreira notável na docência (iniciada em 1952) e na investigação geográfica em universidades portuguesas (Universidade de Lisboa, ISCSPU/atual ISCSP e NOVA FCSH), mas também estrangeiras (Brasil e França). Participou em  várias Missões de Estudo aos territórios outrora portugueses — em África e no Oriente — chefiadas pelo Professor Orlando Ribeiro, considerado o “verdadeiro «pai» da Geografia portuguesa”. Entre os membros dessas Missões, uma referência especial ao Professor Mariano Feio que — ainda sem o merecido reconhecimento por parte da comunidade académica e científica — “fez muito pela Geografia”, com quem trabalhou e “aprendeu imenso”. A Professora — expressão que dá título a esta exposição — é a forma próxima e carinhosa como se lhe dirigem todos os que, de uma ou outra forma, lhe são ou foram próximos e, com carinho, lhe reconhecem — na pessoa, na docente, na investigadora,… — a grandeza e a singularidade que marcou sucessivas gerações de “Geógrafos da Nova”; mas não só! Os mais novos que não tiveram o privilégio de poder assistir às suas aulas — que nos faziam pensar e transpor para horizontes longínquos — conhecem-na, indiretamente, por aqueles que, com orgulho, continuam a divulgar e a manter vivo o Seu legado nesta Instituição.

 
A exposição estará patente até 19 de dezembro de 2025.