António Brum Ferreira
António de Brum Ferreira, por Ana Ramos Pereira
António de Brum Ferreira foi um ilustre geógrafo. Professor Catedrático do Departamento de Geografia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, aí lecionou, desde 1966, diversas temáticas em Geografia. A sua atividade de investigação iniciou-se com uma monografia regional sobre a ilha Graciosa, cujo rigor e originalidade das interpretações apresentadas levou o Prof. Orlando Ribeiro a convidá-lo a integrar o corpo docente do departamento. Porém, desde cedo que António de Brum Ferreira manifestou um interesse particular pela Geografia Física e, em especial, pela Geomorfologia. A sua tese de doutoramento, Planaltos e Montanhas do Norte da Beira. Estudo de Geomorfologia, defendida em 1978, continua a ser considerada uma obra de referência. Foi na segunda metade da década de 1970 que se deu um grande impulso da Geografia Física na escola de Lisboa e se deveu ao esforço e entusiasmo de Suzanne Daveau e António de Brum Ferreira. Ambos reviam locais de referência da Geomorfologia portuguesa, apoiavam jovens licenciados em Geografia e investigadores estrangeiros que nos visitavam ou desenvolviam as suas teses de doutoramento no nosso país.
Merecem destaque os novos caminhos que António de Brum Ferreira abriu no seio da Geografia Física, nomeadamente em Climatologia sinótica e em Geomorfologia. O impulso que deu à Climatologia sinótica permitiu abri novos horizontes sobre a dinâmica atmosférica e explorar a interação oceano atmosfera, particularmente desenvolvida pela sua mulher, a geógrafa Denise de Brum Ferreira. A evolução geomorfológica associada à cartografia geomorfológica constituíram uma boa parte da sua investigação. A Hidrogeomorfologia e a Geografia dos Riscos foram temáticas que lançou e cultivou. Em todos estes caminhos da Geografia Física deixou vasta obra, assim como diversos seguidores.
Merece também referência, o capitulo sobre a evolução geomorfológica de Portugal continental, inserido no primeiro volume da Geografia de Portugal, coordenada por Carlos Alberto Medeiros, que apesar de pouco divulgado, constitui uma obra de síntese fundamental.
Nos caminhos da Geomorfologia portuguesa não pode deixar de mencionar-se o esforço que empreendeu para a divulgar e atrair novos investigadores, tendo sido sócio fundador da Associação Portuguesa de Geomorfólogos.
As suas sínteses geomorfológicas são obras de referência que merecem ser revisitadas.