#86 João Dinis

Nome: João Dinis
Naturalidade: Cascais
Idade: 41
Formação académica: Geógrafo
Ocupação Profissional: Técnico de inovação ambiental
Outros:

1- Quem é a/o Geógrafo/a? Em que áreas trabalha e de que forma a Geografia faz parte da sua vida?
Sou um incurável apaixonado pela ciência da geografia. Esta dedicação tem sido muito frutuosa e presente na minha dinâmica profissional na área do desenvolvimento sustentável local e na ação climática, tanto na adaptação como na mitigação. Desta forma, percorro um vasto conjunto de áreas operacionais associadas à gestão do território, regulamentação, valorização de recursos e paisagens naturais, espaços verdes e naturalizados, informação geo-espacial e estatística associada ao clima. Percorro ainda modelos de governança e reporte, bem como no estabelecimento de redes de saber e partilha à escala europeia. Isto tudo nos já conhecidos cenários de “incerteza” associados a uma análise prospetiva de alterações climáticas. Por este motivo, a geografia está presente na minha vida em todos os momentos, não me consigo dissociar. 

2- Quais são os projetos para o futuro imediato? E de que forma valorizam a Geografia?
Temos inúmeros projetos de âmbito europeu e nacional que partilham uma natureza de inovação ambiental e de gestão territorial. Todos eles são valorizados pela geografia pela abordagem transversal necessária à sua implementação. Ou seja, diria que o seu planeamento é fortemente baseado na nossa visão integrada que apenas a geografia permite. Neste momento, estamos a executar um conjunto significativo de dez projetos europeus (Horizonte Europa, LIFE e EEA Grants) integrados nos princípios do Pacto Ecológico Europeu. São áreas diversas tais como planeamento sustentável para mitigação de ilhas de calor urbano, promoção das soluções de base natural para restauro de ecossistemas, cadeias de distribuição alimentar locais/regionais e as inovadoras comunidades de energia. Possivelmente uma das mais ambiciosas missões de um município português no eixo da inovação ambiental. 

3- Se tivesse de definir Geografia em 3 palavras, quais escolhia?
Holística: uma ciência moderna, funcional que sabe integrar-se nas diversas áreas de conhecimento
Inclusiva: consegue criar consensos entre diferentes agentes em qualquer processo, projeto, política ou consenso. 
Relevante: mais do que nunca, a natureza sistémica do nosso planeta e sociedade requer uma geografia atenta e funcional aos desafios emergentes.

4 - Comentário a um livro que o marcou ou cuja leitura recomende.
A Riqueza e Pobreza das Nações de David Landes que demonstra a inutilidade do preconceito e que os contextos culturais e geográficos merecem ser respeitados. É um livro de leitura acessível que pode originar debates muito interessantes. 

5 - Que significado e que relevância tem, no que fez e no que faz, assim como no dia-a-dia, ser geógrafo?
No contexto profissional em Portugal, ser-se geografo continua a ser algo incomum no que diz respeito ao planeamento e ordenamento do território à escala municipal. Mas é gratificante perceber que o nosso contributo é sempre, sempre, construtivo. 

6 - Na interação que estabelece com parceiros no exercício da sua atividade, é reconhecida a sua formação em Geografia? De que forma e como se expressa esse reconhecimento?
Faço questão em afirmar a minha formação base através do contributo multidisciplinar que consigo dar, bem como trazer novas ideias e valores. Isso ficou bem demonstrado no meu percurso na área do desenvolvimento sustentável. 

7 - O que diria a um jovem à entrada da universidade a propósito da formação universitária em Geografia, sobre as perspetivas para um geógrafo na sociedade do futuro? E a um geógrafo a propósito das perspetivas, responsabilidades e oportunidades?
Os desafios associados às alterações climáticas, onde o sistema natural e humano estão em profunda e algo inesperada mudança, requerem uma abordagem inovadora onde todas as áreas de conhecimento e as análises perspetivas terão de ser integradas numa política compreensiva de ação. Ou seja, assegurar que 

8 - Comente um acontecimento recente, ou um tema atual (nacional ou internacional), tendo em conta em particular a sua perspetiva e análise como geógrafo.
Estive recentemente envolvido no “Sumário para Técnicos de Urbanismo e desenvolvimento” no seguimento do sexto relatório do IPCC-ONU para as alterações climáticas como um dos 50 técnicos consultores. 
Foi possível para mim, como um dos poucos geógrafos presentes no grupo, contribuir com visões e perspetivas complementares que foram bem acolhidas pelos restantes membros do grupo de trabalho e considerado na publicação final.

9 - Que lugar recomenda para saída de campo em Portugal? Porquê?
Visitem Cascais, um município integrado na Área Metropolitana de Lisboa, de carácter urbano, mas onde existe uma vasta variedade paisagística e cultural assente em projetos de transformação territorial de cunho inovador no panorama europeu. 
Somos urbanos, metropolitanos, mas também rurais, periurbanos. Somos um destino turístico, mas também residencial, tanto no panorama de elevada qualidade habitacional, mas com uma forte regularização em curso de AUGIs e de habitação social. Somos únicos por assumirmos características comuns em tantos outros municípios de uma forma tão singular. 
Mas, igualmente relevante, somos um município onde as boas ideias são bem acolhidas. E as ideias de um geografo, são particularmente interessantes.
Ao visitarem cascais, ficarão seguramente surpreendidos pelo “inesperado”.