# 113 Francisco Castro

Nome: Francisco Daniel Pereira de Castro
Naturalidade: São Julião de Freixo – Ponte de Lima
Idade: 45 anos
Formação académica: Licenciatura em Geografia e Planeamento – Ramo Desenvolvimento Regional e Ambiente
Ocupação Profissional: Técnico Superior de Gestão de Ativos e Engenharia
Outros: Consultoria no âmbito de Avaliações e Expropriações

1 – Quem é o Geógrafo? Em que áreas trabalha e de que forma a Geografia faz parte da sua vida?
Sou geógrafo por formação e desenvolvo a minha atividade profissional na área da gestão de ativos e engenharia, com especial enfoque em expropriações, servidões administrativas, avaliações e cadastro de terrenos e infraestruturas.
Atualmente exerço funções numa empresa do setor empresarial do Estado, ligada ao ambiente, concretamente nas áreas de captação, tratamento e abastecimento de água para consumo público e de recolha, tratamento e rejeição de águas residuais.
A Geografia está presente de forma constante no meu quotidiano: na análise do território, na interpretação dos espaços ambientais envolventes e na relação entre infraestruturas e uso do solo. A formação geográfica confere-me uma visão global, técnica e rigorosa, essencial para enfrentar desafios relacionados com o planeamento territorial, a localização de infraestruturas e a preservação ambiental.
Participo ativamente na vida social e cultural da comunidade onde resido, enquanto Vice-Presidente da direção de uma Associação Cultural e Recreativa, acompanhando projetos de caráter desportivo, cultural, social e recreativo. Paralelamente, exerço também funções de Vice-Presidente da direção distrital de uma modalidade desportiva e presto serviços de consultoria na área das expropriações e avaliações imobiliárias junto de entidades públicas e privadas.

2 – Quais são os projetos para o futuro imediato? E de que forma valorizam a Geografia?
Pretendo continuar a investir na formação pessoal e profissional, aprofundando o trabalho de modernização e eficiência dos sistemas de abastecimento de água e saneamento, sempre numa perspetiva de gestão sustentável dos recursos hídricos e em articulação com equipas multidisciplinares.
Pretendo igualmente aperfeiçoar os processos de levantamento cadastral e de gestão de informação territorial, reforçando o rigor, a precisão e a transparência nas áreas das expropriações e avaliação de terrenos.
Estes projetos reforçam o papel da Geografia como ciência essencial à análise territorial, ao conhecimento cartográfico e ao planeamento sustentável do território.
A nível pessoal, quero continuar a contribuir para a valorização da comunidade local, através de iniciativas culturais e ambientais que promovam a ligação entre o espaço, a história e as pessoas.

3 – Se tivesse de definir Geografia em três palavras, quais escolheria?
Território, Análise e Sustentabilidade.

4 – Comentário a um livro que o marcou ou cuja leitura recomende.
É difícil destacar apenas uma obra, por isso deixo duas referências que me marcaram em momentos diferentes.
Primeiro, “Sapiens – Uma Breve História da Humanidade”, de Yuval Noah Harari, pela forma como conduz a uma reflexão profunda sobre o impacto da humanidade no planeta e as implicações das nossas escolhas para o futuro das gerações vindouras.
Depois, “O Homem e a Terra”, de Élisée Reclus, que me marcou pela visão integrada entre o ser humano e o território, sublinhando a interdependência entre o espaço físico e social e as ações humanas, uma perspetiva que continua a inspirar a minha prática profissional.

5 – Que significado e que relevância tem, no que fez e no que faz, assim como no dia-a-dia, ser geógrafo?
Ser geógrafo é possuir a capacidade de compreender o território nas suas múltiplas dimensões e interpretar as dinâmicas que o moldam. A Geografia permite-me ver além da componente técnica, ajudando a perceber o impacto real das intervenções no espaço e nas pessoas. Esta visão integrada facilita decisões mais informadas e sustentáveis, tanto em matéria de planeamento e ordenamento, como na gestão ambiental e territorial. No meu caso, traduz-se na melhor análise e interpretação de mapas e documentos, numa leitura crítica das realidades locais e numa atuação mais consciente e responsável perante as sociedades.

6 – Na interação que estabelece com parceiros no exercício da sua atividade, é reconhecida a sua formação em Geografia? De que forma e como se expressa esse reconhecimento?
Sim, o reconhecimento é evidente, sobretudo pela capacidade de análise territorial, pela interpretação rigorosa da cartografia e pela compreensão da lógica do território.
Nas equipas multidisciplinares com que colaboro, a formação em Geografia acrescenta visão integrada, precisão técnica e capacidade analítica de contextualização espacial, elementos fundamentais para a resolução de problemas de planeamento e gestão territorial.

7 – O que diria a um jovem à entrada da universidade a propósito da formação universitária em Geografia, sobre as perspetivas para um geógrafo na sociedade do futuro? E a um geógrafo a propósito das perspetivas, responsabilidades e oportunidades?
A Geografia é uma formação sólida, versátil e com futuro, uma verdadeira ferramenta poderosa, pois a sua diversidade e abrangência faz com que se torne cada vez mais necessária para o apoio nas tomadas de decisão e na transformação do mundo.
Diria a um jovem que o geógrafo é hoje cada vez mais indispensável no ordenamento do território, na mobilidade, no ambiente, na gestão de riscos e nas tecnologias de sistemas de informação geográfica.
A um geógrafo em funções recordaria que temos a responsabilidade de converter o conhecimento do território em soluções práticas, que garantam sustentabilidade e equilíbrio entre as comunidades e o ambiente a médio e longo prazo.

8 – Comente um acontecimento recente, ou um tema atual (nacional ou internacional), tendo em conta em particular a sua perspetiva e análise como geógrafo.
As questões geopolíticas e a sua interligação à geoeconomia europeia e mundial poderiam ser uma excelente temática a explorar, dado que são temas a que assistimos de forma direta e indireta no nosso quotidiano. 
No entanto, as alterações climáticas e a gestão da água são, para mim, outros, não menos importantes maiores desafios do nosso tempo.
A Geografia ensina-nos a olhar o território de forma integrada e responsável, reconhecendo que cada decisão tem impactes ambientais, económicos e sociais.
Garantir o equilíbrio ecológico e a sustentabilidade dos recursos hídricos exige planeamento, tecnologia e conhecimento territorial.
Enquanto geógrafos, temos um papel fundamental: analisar, planear e propor soluções equilibradas que conciliem progresso e preservação ambiental, sempre com o olhar crítico e técnico que a nossa formação nos proporciona.

9 – Que lugar recomenda para uma saída de campo em Portugal? Porquê?
O nosso País brinda-nos com extraordinários e incomensuráveis locais propícios para saídas de campo, começando pela nossa extensa linha costeira, as belas paisagens do Interior, seja no Norte, Centro ou Sul de Portugal Continental, percorrendo as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, o paraíso ideal para promover saídas de campo.
Recomendo o Parque Nacional da Peneda-Gerês, pela sua singularidade natural e humana. É um território onde se cruzam paisagens montanhosas, rios, povoamentos rurais dispersos e práticas agrícolas tradicionais, revelando a forte interação entre o meio natural e o humano.
A observação dos vales do Minho e do Lima, com a sua morfologia, usos do solo e dinâmica de ocupação, permite compreender, entre outros aspectos, como o território foi sendo moldado ao longo dos tempos, ou seja, uma verdadeira lição de Geografia ao ar livre.