Museu de Arte Contemporânea de Elvas - O Fio que nos Une | Elisabete Fiel

Museu de Arte Contemporânea de Elvas - O Fio que nos Une | Elisabete Fiel - FCSH-UNL (Secção de Educação e Formação Geral)

38º52´52´´ N 7º 9´5´´ O 

No mesmo paralelo, mas numa longitude diferente encontram-se Lisboa e Elvas. A capital e a periferia, o litoral e o interior. Na capital, a concentração de equipamentos é elevada, o número de concertos, o número de exposições em museus e galerias. O interior do país é diferente, os equipamentos e a agenda cultural refletem a distribuição da população. No entanto, se analisarmos a riqueza em património material e imaterial rapidamente nos damos conta da necessidade de localizar, mapear e proteger esse mesmo património que faz parte das regiões e do país.

O Museu de Arte Contemporânea de Elvas foi outrora um Hospital da Irmandade da Misericórdia, foi substituído nos anos 90 por um hospital moderno e hoje é um Museu Municipal que alberga a Coleção António Cachola, que podemos afirmar que conta a história da arte contemporânea portuguesa dos últimos 30/40 anos, com nomes como Pedro Calapez, Cabrita Reis, Rui Sanches, Joana Vasconcelos, Vhils (Alexandre Farto), Francisco Trepa, Ana Jota, Mané Pacheco entre outros.

A existência do equipamento e da coleção proporcionaram exposições e eventos como a  FARRA (Festa da Arte em Rede da Região do Alentejo), em 2024,  que atraiu durante dois meses colecionadores, galeristas, artistas, visitantes às múltiplas exposições e workshops. O efeito multiplicador foi notado pelo número de visitantes, a taxa de ocupação hoteleira, a frequência de restaurantes e cafés. A arte tem um poder agregador que também se materializa economicamente.

Desafio a toda comunidade: atravessar o país e visitar Elvas e o Museu de Arte Contemporânea de Elvas, no interior, à beira da cidade de Badajoz. 

Em 2023, também eu, integrei a Coleção António Cachola e agora tive um desafio, por parte do coleccionador, preparar uma exposição de homenagem a uma mulher artesã (Joana Leal) que procurou que esse património de linhas, rendas e bordados não se perdesse. Através do trabalho da Joana explorei a riqueza patrimonial do país, em bordados e rendas, através de paisagens coloridas e coordenadas geográficas dos lugares. Chamei-lhe «Bordateca» e há um mapa que facilita a localização de todos estes tesouros.

Na sala seguinte, celebrei as Filhas da Terra, entre as quais a Professora Doutora Raquel Soeiro de Brito, que nasceu em Elvas, ilustre Geógrafa de quem tive o gosto de ser aluna. Partilho as coordenadas com as outras homenageadas, Adelaide Cabete, Virgínia Quaresma entre outras ilustres. Além da ciência, celebro as artes, o artesanato das «Ameixas d'Elvas» e exalto a escola pública, esse bem inestimável que permitiu o acesso a outros horizontes.

No «Fio que nos Une» chamamos a atenção para o quão o património é frágil! A Geografia deve contribuir para localizar, mapear, preservar a riqueza patrimonial, tantas vezes invisível aos olhos que «passam pelas coisas, sem as habitar», como diz o poeta, Tolentino de Mendonça.

Visitem o museu, a exposição que estará patente até 30 de março de 2025 e descubram outras «Geografias». 38º52´52´´ N 7º 9´5´´ O