Dia Mundial do Turismo | Jorge Umbelino
Dia Internacional do Turismo | Jorge Umbelino (Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril)
Turismo em tempos de (grande) mudança
O entendimento social do fenómeno turístico sempre envolveu alguma controvérsia, mas a inquietação que ele gera atualmente tem uma expressão talvez nunca vista.
Apesar de o turismo ser geralmente valorizado pelos múltiplos benefícios que gera, tanto individual como coletivamente, a verdade é que, num primeiro tempo, marcado por algum puritanismo em seu redor, ele era acusado de promover o desvio das virtudes do trabalho e da produtividade; depois, quando essa negatividade se foi esbatendo, surgiu o problema de alguns o considerarem excessivo, pelo menos em determinados territórios e momentos.
O turismo massificado surgiu primeiro nos ambientes balneares mais privilegiados, ou em situações pontuais em que até poucos podem parecer muitos, para depois se estender a alguns destinos urbanos, na sequência da democratização do acesso à aviação comercial e do efeito de operações de grande escala, como é o caso dos cruzeiros. O que antes era uma invasão de territórios pouco povoados em permanência, e apenas durante algumas épocas do ano, tornou-se num fenómeno com efeito significativo nos bairros mais atrativos de um número crescente de cidades históricas.
Sendo esta uma matéria que divide opiniões, certo é que a preocupação existe e até ganhou um rótulo – o overtourism. Dito de outra forma, em poucos anos o turismo deixou de ser, sobretudo, uma atividade prazerosa para quem a pratica e proveitosa para quem a oferece para também ver cair sobre si os holofotes da crítica e da incerteza.
Fizemos de tudo para ter mais turismo, e isso parecia inequivocamente bom. Hoje, já não temos assim tanta certeza disso, para utilizar uma linguagem prudente… Cumpre decidir qual a atividade turística que queremos nos territórios, para sabermos que políticas públicas podem procurar cumprir essas determinações.