Dia Mundial das Cidades | Luís Carvalho
Dia Mundial das Cidades (31 deoutubro) | Luís Carvalho (Diretor-adjunto, CEDRU – Centro de Estudos e Desenvolvimento Regional e Urbano, Lda)
Portugal tem registado um aumento muito significativo no número e na frequência das ondas de calor, fenómeno indissociável das alterações climáticas em curso no Planeta. Este agravamento evidencia a importância de conhecer as morfotipologias urbanas (padrões de ocupação e organização do espaço) que influenciam a forma como as cidades portuguesas reagem ao (sobre)aquecimento, nomeadamente através da formação de ilhas de calor urbano. A densidade edificada, a presença de espaços verdes e a impermeabilização dos solos são fatores críticos para a vulnerabilidade dos cidadãos.
Por um lado, nas áreas densamente construídas, com edifícios multifamiliares e escassez de espaços verdes, observa-se maior acumulação térmica, exigindo soluções e medidas orientadas (criação de corredores verdes, arborização de ruas e uso de materiais de elevada refletância). Por outro lado, nas áreas de baixa densidade (predomínio de moradias e jardins), o risco térmico é menor, mas a vulnerabilidade social e de mobilidade pode ser superior (questão relevante para os grupos mais vulneráveis, como as crianças e os idosos). Neste quadro, o planeamento urbano deve equilibrar adaptação climática e inclusão social, concorrendo para assegurar um acesso equitativo a serviços e refúgios climáticos.
Tornar as cidades mais seguras e confortáveis às ondas de calor e temperaturas elevadas passa, em parte, pelo desenvolvimento de estratégias de resiliência e de melhoria do conforto térmico, com foco na proteção dos grupos mais vulneráveis. A integração de infraestruturas verdes e azuis nas cidades portuguesas (árvores e espelhos de água) é essencial para reduzir as temperaturas e melhorar a qualidade de vida urbana.


