Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres - 25 de novembro | Margarida Queirós
Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres - 25 de novembro | Margarida Queirós (IGOT, ULisboa)
Sobre as Geografias da Violência Contra as Mulheres
No dia 25 de novembro celebra-se o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres instituído pela Resolução 52/134 da ONU. Tem por objetivo celebrar um mundo livre de violência contra as mulheres, alertando para a violência física, psicológica, sexual e social que as atinge, incluindo as ameaças de tais atos. Hoje considera-se que a violência contra as mulheres e a violência doméstica constituem uma violação dos direitos humanos, embora saibamos que nem sempre foi assim. É um crime público, logo o procedimento criminal não está dependente da apresentação de uma queixa, formal ou informal, por parte da vítima (é apenas necessário haver uma denúncia ou o conhecimento do crime). A investigação sobre a violência doméstica, com vista ao seu combate, exige a compreensão de uma multiplicidade de aspetos relacionados com a vida das vítimas, tais como os padrões de fatores territoriais, culturais, ambientais ou situacionais associados aos maus-tratos, as consequências imediatas e de longo prazo do abuso, ou a (in)eficácia das políticas e estratégias de intervenção. Dentro dos debates contemporâneos, a investigação das geógrafas feministas sobre espaço, lugar e violência contra as mulheres, doméstica e de género, fornece uma base para a compreensão das características espaciais e temporais do abuso e da violência, evidenciando as interseções entre espaço, poder e desigualdade que naturalizam e facilitam esse tipo de violência. Se as Geografias da violação dos direitos humanos nos ajudam a compreender os “determinantes” socioeconómicos espaciais de comportamentos violentos opressivos contra as mulheres, as “lentes de género” na Geografia também têm revelado como o espaço pode ser local de resistência, ativismo e justiça para as mulheres. Apesar do reconhecimento deste tipo de violação dos direitos humanos, o flagelo continua a revelar-se. Para que aconteça avanço social é necessário ser conhecido para ser combatido. A Geografia não pode demitir-se deste compromisso social.