Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência: Celebrando as Geógrafas Laureadas com o Prémio Vautrin Lud | Maria Lucinda Fonseca

Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência: Celebrando as Geógrafas Laureadas com o Prémio Vautrin Lud | Maria Lucinda Fonseca (IGOT)

No Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado a 11 de fevereiro, reconhecemos o contributo fundamental das mulheres para o avanço do conhecimento geográfico. Embora historicamente sub-representadas na disciplina, várias geógrafas desafiaram barreiras e revolucionaram a forma como entendemos o espaço e as relações de poder. Um dos reconhecimentos mais prestigiados no campo da geografia é o Prémio Vautrin Lud, considerado o "Nobel da Geografia". Desde a sua criação em 1991, apenas cinco mulheres foram laureadas, um reflexo dos desafios que a igualdade de género ainda enfrenta na ciência.

A primeira mulher a receber este prémio foi Doreen Massey (1998, Reino Unido), uma referência incontornável na geografia humana e política. Introduziu o conceito de "power-geometries",  demonstrando como a globalização e as relações de poder influenciam a mobilidade, a apropriação do espaço e as interações espaciais de forma desigual.

Em 2010, Denise Pumain (França) foi laureada pelo seu trabalho inovador na geografia urbana e teorias da complexidade. Os seus estudos sobre os sistemas urbanos ajudaram a compreender os processos de crescimento e transformação das cidades, introduzindo modelos de sistemas complexos na análise geográfica.

Em 2014, o prémio foi atribuído a Anne Buttimer (Irlanda), cujo contributo para uma abordagem humanista da geografia foi essencial. Explorou a relação entre espaço, tempo e vida quotidiana, promovendo o diálogo entre diferentes tradições geográficas.

Dois anos depois, em 2016, Maria Dolors García-Ramon (Espanha) foi reconhecida pelo seu papel pioneiro nos estudos de género na geografia ibérica. O seu trabalho questionou a invisibilidade das mulheres na produção de conhecimento geográfico e destacou as desigualdades espaciais no meio rural.

A mais recente laureada, Brenda Yeoh (2021, Singapura), distinguiu-se na geografia social e cultural, com um foco especial nas migrações internacionais e nas transformações urbanas na Ásia. Os seus estudos sobre género, família e mobilidade internacional trouxeram novas perspetivas sobre os fluxos migratórios contemporâneos.

Celebrar estas geógrafas é reconhecer que a ciência geográfica se constrói sobre múltiplas perspetivas e que a igualdade de género na investigação é essencial para o progresso do conhecimento. O seu legado inspira novas gerações a desafiar fronteiras científicas e a contribuir para sociedades mais inclusivas e sustentáveis.