Dia Internacional das Florestas | Albano Figueiredo
Dia Internacional das Florestas | Albano Figueiredo (Universidade de Coimbra)
Ao vigésimo primeiro dia de março de cada ano voltamos a olhar para a floresta para celebrar a sua importância e plantarmos na mente dos mais jovens a ideia de que precisamos da floresta. Uma ideia que está hoje bem clara nos planos estratégicos de adaptação e mitigação das alterações climáticas, pois não se discute a sua capacidade para fornecer múltiplos serviços, nomeadamente para sequestrar dióxido de carbono. Utilidade que ampliou mesmo o espectro de interesse dos mercados financeiros na floresta, uma vez que a sua conservação, recuperação ou expansão pode gerar créditos de carbono que podem ser transacionados. Uma lógica de mercado alinhada com a redução das emissões de gases com efeito de estufa, com contribuição direta para a ação climática, ou com a proteção da biodiversidade, procurando diminuir os efeitos do aquecimento global e reforçando a resiliência dos territórios. Parece mesmo haver uma atração por investimentos em áreas de negócio mais sustentáveis e maior responsabilidade ambiental por parte do tecido empresarial, com o valor de ativos relacionados com o sequestro de carbono a aumentar, criando mesmo novas oportunidades nos mercados financeiros. E será que verdadeiramente é uma nova oportunidade para a floresta? Ou é mais uma contribuição para criar conjuntos de árvores alinhadas de crescimento rápido, que rapidamente dão ideia de medida concretizada?
Temos que estar atentos, para que as lógicas de mercado, economicistas por regra, baseadas no máximo lucro com o menor investimento, não nos arrastem para versões empobrecidas de florestas padronizadas pelo mercado de créditos de carbono. Podemos plantar muitas árvores, mas demoramos muito tempo a criar uma floresta, e os mercados não têm esse tempo.