Da vulnerabilidade à pobreza energética em Portugal e a sua influência na saúde mental e bem-estar da população | Tiago Mesquita

Da vulnerabilidade à pobreza energética em Portugal e a sua influência na saúde mental e bem-estar da população | Tiago Mesquita (Doutoramento em Geografia Humana – Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra)
A pobreza energética (PE) é um dos grandes problemas do espaço europeu, impondo-se como um desafio social, económico, cultural e infraestrutural. É comumente definida como a incapacidade de aceder a todos os serviços energéticos necessários a uma qualidade de vida digna. As causas mais apontadas são o baixo rendimento do agregado familiar, a baixa eficiência energética, os elevados preços dos serviços energéticos, etc. No entanto, há desigualdades espaciais que podem estar na base do problema. As consequências deste fenómeno têm vindo a ser relatadas na comunicação social e na comunidade científica, mas, neste momento, pensamos existir uma falta de atenção no que concede à saúde mental, bem-estar e qualidade de vida dos agregados a viver em situação de PE no contexto português.
Assim, propomos como objetivo principal analisar de que forma a vulnerabilidade à PE influencia a qualidade de vida, o bem-estar e saúde mental da população em diferentes escalas geográficas em Portugal.
Numa primeira fase, aplicaremos um índice de vulnerabilidade à PE no território nacional, em que a partir do mesmo se farão estudos de associação estatística para se perceber que indicadores de saúde mental e de bem-estar são mais afetados pela PE. Nesta parte, decorrerá uma análise multiescalar para permitir uma melhor perceção acerca da relação entre PE e saúde mental em Portugal e identificar os territórios mais vulneráveis. Num segundo momento, serão aplicados métodos qualitativos (entrevistas semiestruturadas e focus groups) a grupos vulneráveis, profissionais de saúde, autarcas e especialistas de PE. O objetivo da aplicação destes métodos é que tenhamos uma visão aprofundada do problema, nomeadamente de que forma é que a PE se enquadra como um problema social e de saúde pública, mas também perceber que práticas são adotadas para mitigar o problema na habitação e que consequências são mais sentidas nos territórios em análise. Será importante, também, perceber que oportunidades e desafios são apresentados a partir dos fundos comunitários e esforços governamentais de mitigar a PE.
Financiamento atribuído pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. I.P. (Concurso Bolsas de Doutoramento 2024 – Linha de Candidatura Geral). O plano de trabalhos decorre no Centro de Investigação em Antropologia e Saúde da Universidade de Coimbra e no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.