Paisagem, desenhos & Leituras e livros… | Elisabete Fiel

Paisagem, desenhos & Leituras e livros… | Elisabete Fiel

Oficialmente sou Geógrafa desde 1995, ano em que concluí o curso de Geografia e Planeamento Regional na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa. No entanto, sinto-me geógrafa desde sempre, a observação da paisagem e dos ciclos de estações do ano na encosta do Castelo de Elvas (Primeiro Monumento Nacional Classificado pelo IPAR) e do Forte da Graça, a maior elevação que temos na cidade (364 m de altitude e agora Património Mundial da Humanidade), os monumentos, as casas típicas e o montado transformaram-se muitas vezes em desenhos do momento. Juntei ainda a preocupação com o meio ambiente, desde que tinha sete anos e comecei a ler «Beatriz e o Plátano» de Ilse Losa, com ilustrações de Luisa Couwenbergh, que apareceu como novidade na minha sala de aula, ainda no primeiro ciclo. A história apelava à importância das árvores, do meio ambiente e à atitude de cidadania que devíamos ter perante o nosso planeta. Nunca me esqueci deste livro e foi o ponto de partida para a consciência ambiental.
A paisagem continua a ser fonte de inspiração para as artes plásticas, podemos contemplar, desenhar ou mesmo combinar eventos para «captar o momento» tal como os Urban Sketchers fazem frequentemente. Já fiz essa experiência e recomendo, quer enquanto geógrafa quer enquanto artista plástica. A comunidade global de desenhadores dedicados ao desenho no local, partilham o amor pelos lugares onde vivem e viajam, sob o lema: «Ver o mundo um desenho de cada vez.» Urban Sketchers | A Global Community of Artists - Home Partilho um desenho realizado numa rua do centro histórico de Elvas.
Nos últimos tempos, a paisagem preocupa-me cada vez mais, pelas alterações constantes, pelo abandono, pelo despovoamento, pelo excesso de população, pela falta de conservação, tudo o que «os nossos olhos podem alcançar».  Por isso, partilho uma experiência enquanto ilustradora do livro: «Um dia a Aldeia Acabou» de Nuno Franco Pires. Percorri a «paisagem» descrita pelo autor, que encontrou no «despovoamento do interior» uma fonte de inspiração e a inquietude pelo futuro destas áreas que outrora foram prósperas, mas que urge «reinventar», (re) configurar. Uma leitura para explorar, geográfica, relatando a vivência dos últimos 70 anos na aldeia fictícia de «Santa Isabel» que poderia ser qualquer aldeia no interior. Nas palavras do autor:
“Mais que uma história, gostava que este livro fosse uma tomada de consciência da realidade de muitas aldeias espalhadas pela franja interior do país, sobreviventes do abandono e da partida de muitos dos seus filhos, em busca de melhores condições de vida.”
Ficam as sugestões de desenhar a paisagem com a luz do outono e a leitura para a esplanada ao sol ou à lareira para atenuar o frio que se começa a sentir.

 Capa do livro: «Um dia a aldeia acabou». Fotografia de Cristina Batista

A aldeia de Santa Isabel

Rua Martins Mendes, no centro histórico de Elvas.