Historial
A GEOGRAFIA E AS PRÁCTICAS PROFISSIONAIS DOS GEÓGRAFOS - UMA INTRODUÇÃO
Desde a institucionalização da Geografia como ciência na segunda metade do século XIX, as práticas profissionais dos geógrafos relacionam-se com a envolvente científica, política, económica e social.
Até meados de XX, a Geografia teve por principais finalidades a formação de professores que transmitissem os saberes sobre os estados modernos e as suas colónias, bem como uma investigação científica universitária marcada pelo paradigma da explicação dos fenómenos através das relações entre os Grupos Humanos e o Meio Natural.
Do ponto de vista mais prático, a Geografia e a Cartografia surgem como ciências de apoio ao conhecimento e sistematização dos recursos físicos e humanos das metrópoles e, particularmente, dos territórios colonizados, objecto de exploração e de incorporação no sistema mundial de comércio.
Com o fim da 2ª Grande Guerra, afirma-se progressivamente uma Geografia aplicada, apoiada em técnicas quantitativas e modelos que permitem sistematizar as relações espaciais e prospectivar o comportamento e a evolução de determinados fenómenos no espaço.
As perspectivas profissionais dos geógrafos alargam-se e o planeamento territorial surge como um importante mercado de trabalho, complementar daquele mais tradicional, o do ensino.
Justificada na crescente complexidade dos fenómenos e na exigência de especialização, "desagrega-se" a Geografia em várias domínios temáticos: acentua-se a separação entre os dois ramos principais – a Geografia Física e a Geografia Humana -, que, por sua vez, se dividem em sub-ramos como a Geomorfologia, a Climatologia, a Hidrologia, a Biogeografia, a Geografia Económica, a Geografia Social ou a Análise Regional, entre outros.
Nos anos 80 e, especialmente, nos anos 90, o reforço da importância das questões relacionadas com o Ambiente, o Ordenamento do Território, a Gestão Urbana, o Desenvolvimento Local ou o Desenvolvimento Sustentável, bem como a maior "concorrência" de outros profissionais, exigem dos geógrafos métodos de trabalho e perspectivas de análise inovadoras, levando-os a uma afirmação no mercado de trabalho com qualificações que lhes garantem uma mais-valia em relação às outras disciplinas que estudam os mesmos fenómenos.
No sentido de fomentar a valorização profissional, a APG publica uma revista temática (a INFORGEO), frequentemente subordinada a um tema específico (turismo, logística, ambiente, cultura, cidades, educação...), que inclui conjuntos de artigos de carácter científico e técnico capazes de contribuir para o aprofundamento destes assuntos.
Com o intuito de promover o intercâmbio entre os geógrafos e de fomentar a troca de experiências científicas e profissionais, a APG promove, com periodicidade bianual e frequentemente com a colaboração de entidades científicas de carácter local, o Congresso da Geografia Portuguesa, que vai na sua décima edição (o último, co-organizado pelo Departamento de Geografia e Planeamento Regional da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e a APG – “OS VALORES DA GEOGRAFIA”), após terem sido realizados anteriormente eventos em Lisboa (4 vezes), no Porto, Guimarães, Évora e em Coimbra.
Em colaboração com a associação dos Geógrafos Espanhóis, a APG promove, também com periodicidade trianual e alternadamente em Portugal e Espanha, a realização do Colóquio Ibérico de Geografia, cuja última edição (a 14ª) teve lugar entre 11 e 14 de Novembro, em GUIMARÃES sob o tema "A JANGADA DE PEDRA" - GEOGRAFIAS IBERO-AFRO-AMERICANAS".
Para além destas iniciativas de âmbito mais vasto e de carácter regular, a APG tem levado a cabo seminários e colóquios sobre temas específicos, como a série Geografias ao Fim da Tarde (algumas edições, em colaboração da Sociedade de Geografia de Lisboa), realizados em diferentes pontos do país.
A APG desenvolve ainda as iniciativas de formação e debate "Oficinas de Geografia" e atribui prémios à investigação e à docência.